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Sertanejo

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Foto: Gabrieli Ferla

Sertanejo: o ritmo mais ouvido do Brasil

O ritmo sertanejo é hoje o mais ouvido no Brasil. Segundo uma pesquisa realizada pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), 56% das músicas que tocam em shows e eventos são sertanejas, seguida do forró, com 17% das execuções. O levantamento levou em conta a execução pública de músicas em plataformas de streaming, shows, rádios e locais com música ao vivo entre 2016 e 2018. Agora, uma pesquisa mais recente. Um Chart de Streaming, divulgado pela Pró-Música, revelou que das 50 músicas mais ouvidas no primeiro semestre de 2024 nas plataformas de streaming, 8 em cada 10 são sertanejas. O levantamento realizado é o único da indústria fonográfica a considerar as músicas mais executadas no país somando as plataformas Spotify, Youtube, Deezer, Apple Music, Amazon Music e Napster.

O mais legal disso tudo é a forma como o sertanejo começa nos pequenos lugares. Com um violão ali, um baixo acolá, assim nasce o ritmo que traz sofrência e alegria para o público. Em Frederico Westphalen, o ritmo faz sucesso nas casas de show e bares, sendo o mais fácil de encontrar na cidade.

O início da jornada de Jean Lucas e Anderson

Para a dupla, Jean Lucas e Anderson, o início foi há seis anos. Para Anderson Lira, o amor pela música nasceu junto dele: “Reunião de família, tinha violão. Ia passando de mão em mão. Todo mundo cantando. Fui pegando o gosto”, afirma. Seu primeiro violão foi aos seis anos, e ele começou a tocar profissionalmente aos 16. “São 11 anos que começou essa caminhada já”, relembra. Para Anderson, não foi ele quem escolheu a música, mas sim a música que o escolheu. “Muitas pessoas da minha família tinham muito mais vocação e talento do que eu. (Mas) eu tinha alguma coisa com a música, que persisti tanto nela que consegui aprender alguma coisa e viver disso, que é o que a gente faz hoje em dia.” Iniciou como artista solo, mas sempre teve o desejo de construir uma dupla. E foi graças a um amigo em comum que conheceu Jean Lucas – nome artístico de Jean Marcos.

A história de Jean Lucas se assemelha à de seu companheiro de dupla. Foi através de seu avô que ele teve seu primeiro contato direto com a música, e aos oito anos, ganhou um violão. “Um tempinho depois já comecei a aprender a tocar gaita e fui praticando”, relembra Jean. Foi aos 12 anos, tocando gaita em um grupo gaúcho, que seu trabalho profissional começou. Aos 15 anos, Jean se interessou pelo sertanejo, montou uma dupla com um amigo da época e passou a estudar canto também. A dupla se desfez quando Jean foi para o quartel.

 

O que poderia ter sido o fim de sua trajetória na música foi só o começo. Passou a trabalhar como músico freelancer – isto é, sem ser fixo a uma banda ou dupla – e foi assim que conheceu Anderson. Deu certo! A dupla está comemorando 6 anos juntos.

Os Primeiros Passos e os Desafios Enfrentados

Jean, que é natural de Seberi, começou a tocar e cantar em Frederico Westphalen através de Anderson, que é frederiquense. A dupla relembra seus primeiros shows, que conseguiam através da insistência com comerciantes locais. Eles contam que, no início, tocaram de graça em alguns lugares ou foram remunerados com comida em troca da apresentação. “As pessoas queriam pagar menos ainda ou, às vezes, nem queriam pagar. ‘Vai ter carne, vai ter cerveja’.” Apesar das negativas, dos cachês ruins e das críticas recebidas no início, eles seguiram focados em tornar a arte uma profissão.

A carreira começou a decolar quando, durante a pandemia, a dupla gravou seu primeiro DVD. Sentiram que, através dessa produção, começaram a receber mais oportunidades de shows não só na cidade, mas também em municípios e estados próximos. “A gente conseguiu pisar em muitos palcos que a gente não tinha imaginado antes”, aponta Anderson.

Superando obstáculos e buscando novos horizontes

Apesar do reconhecimento na região noroeste do estado, enfrentam grandes dificuldades por serem do Sul do país, uma parte pouco conhecida por revelar grandes nomes do sertanejo universitário. Para Anderson, o meio sertanejo tem muitos artistas, e é muito difícil se destacar em meio a tanta variedade. “Para você passar desse teto, ou você tem que estourar uma música, (com) muita sorte dela cair no gosto do povo ou você tem que ter grana.”

Outro fator que dificulta o crescimento de artistas é a desvalorização do músico, especialmente devido à grande concorrência. A dupla relata situações em que contratantes ameaçavam cancelar com eles para contratar outro caso não aceitassem um cachê baixo.

É por conta dessas limitações regionais e culturais que a dupla vai explorar novos horizontes. Estão com mudança marcada para São Paulo no início de 2025, com o objetivo de crescerem profissionalmente e se estabelecerem definitivamente no meio artístico do sertanejo.

O início musical de Kainã

Kainã - como é conhecido Ernani Ribeiro da Silva- natural de Ametista do Sul, começou a se interessar pela música através de seu pai, quando ganhou seu primeiro violão. Aprendeu a tocar sozinho e, após os 18 anos, começou a se apresentar em barzinhos e lugares com música ao vivo. Formou uma dupla com um amigo no oeste de Santa Catarina, e a partir daí, novas portas se abriram para o mundo da música. Após sua passagem por Santa Catarina, Kainã retornou a Ametista e conheceu outros músicos que já tocavam em Frederico Westphalen. Hoje, ele está em processo de formar uma nova dupla com outro cantor da cidade, trabalha como freelancer para outras duplas, como Jean Lucas e Anderson, e também se apresenta solo, com voz e violão.

Foto: arquivo pessoal do Kainã

Desafios e acolhimento no mercado musical

Kainã lembra que o início foi difícil, especialmente no que diz respeito à aceitação. No entanto, ele destaca que o público de Frederico Westphalen é bom e acolhedor. Em relação aos contratantes, ao contrário de outros músicos de diferentes gêneros, como Bela, vocalista da banda Grimória, ele afirma que é fácil trabalhar com eles. "São todos muito queridos, bons de negociar e de conversar", declara. Em relação aos pagamentos, ele observa a desvalorização. Kainã acredita que, devido à qualidade dos músicos da região, os cantores poderiam ser melhor remunerados.

Kainã toca também em cidades próximas de Frederico Westphalen, mora em Ametista do Sul e trabalha com construção civil. Sua renda ainda não é 100% proveniente da música. 

A Música como Escola

Kainã afirma que, no início, era muito tímido, o que, de alguma forma, tornou o início de sua carreira mais desafiador. No entanto, hoje ele considera a música sua melhor escola. “Eu comecei a aprender a me comunicar, e não tem sido mais tão difícil, apesar de ainda ser um pouco quieto. Mas a cada dia, melhoro mais”, diz ele.

Quando questionado sobre como enxerga o sertanejo em Frederico Westphalen, Kainã compartilha a mesma visão de Jean Lucas, Anderson e Sandro Vieira. “Acho que o pessoal não é tão unido quanto poderia ser. Se um cobra um valor X, o outro cobra menos para tocar. Mas, em termos de amizade, o pessoal é bem unido”, conclui.

@ritmoseraizes

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